sábado, 7 de março de 2009

4º Encontro Açoriano da Lusofonia


As 3 Academias de Língua Portuguesa a debater a Açorianidade e a Literatura Açoriana já sob o signo do novo acordo ortográfico

Os Professores Doutores Professor Eduardo Romano de Arantes e Oliveira (Presidente da Academia de Ciências de Lisboa), Professor Adriano Moreira (Vice-Presidente da Academia, Presidente da Classe de Letras, Presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa), Professor João Malaca Casteleiro (Classe de Letras, 2ª Secção – Filologia e Linguística, da Academia de Ciências de Lisboa), Patrono dos Colóquios desde 2007, Professor Evanildo Cavalcante Bechara (Academia Brasileira de Letras), Patrono dos Colóquios desde 2007, Professor Carlos Reis (Reitor da Universidade Aberta, Lisboa), Dr. Ângelo Cristóvão (Secretário da Academia Galega da Língua Portuguesa) estarão presentes na Lagoa de 31 de Março a 4 de Abril no 4º Encontro Açoriano da Lusofonia..

Igualmente de salientar a presença dos consagrados escritores açorianos CRISTÓVÃO AGUIAR, DANIEL DE SÁ, MÁRIO MOURA e SIDÓNIO BETTENCOURT, A participação de 2009 conta com 50 oradores e mais de cinco dezenas de participantes presenciais representando Açores, Austrália, Brasil, Bélgica, Canadá, França, Galiza, Itália. Moçambique e Portugal.

Assistiremos ao lançamento de quatro livros, acompanhando uma mostra de autores e obras açorianas, três (3) recitais de música (Açores e Galiza), duas (2) representações teatrais (Santa Catarina, Brasil) e um recital de poesia galega e brasileira.

Pretendemos levar os Açores ao mundo. Independentemente da sua Açorianidade, mas por via dela, pretendemos que mais lusofalantes e lusófilos fiquem a conhecer esta realidade com todas as suas peculiaridades, trazendo aos Açores outras vozes para que desse intercâmbio se possa difundir a verdadeira cultura açoriana.

Contamos com a parceria da Direção Regional das Comunidades estabelecendo as pontes com os Açorianos no Mundo e o imprescindível apoio da autarquia da Lagoa ao nível logístico. Este importante evento é totalmente concebido e levado a cabo por uma rede organizativa de voluntários.

Os Encontros, iniciados em 2006 com a duração de apenas dois dias, aumentaram gradualmente a sua relevância e impacto e já se prorrogarão ao longo de cinco dias no Cineteatro Lagoense. Reconhecendo a vitalidade e idiossincrasias da Literatura Açoriana voltam-se, agora, mais para esta vertente, sem descurar a tradução e os aspetos estruturantes que interessa debater da Lusofonia e da Açorianidade.

TEMAS em debate:
1. AÇORES: a insularidade, o isolamento e a preservação da língua portuguesa no mundo (tema permanente).
1.1. Acordo ortográfico. Sua implementação no arquipélago e nas restantes comunidades
1.2. Lusofonia: Questões e Raízes.
1.3. Literatura Açoriana no Mundo: autores insulares, expatriados e estrangeiros. Historial e perspetivas futuras
1.4. Estudos e Literatura Açoriana: propostas para a sua implantação
1.5. Açorianidade no mundo: guetos, comunidades transplantadas, integradas e desenraizadas
2. ESTUDOS DE TRADUÇÃO
2.1. Tradução de/para literatura lusófona
2.2. Literatura Açoriana de Autores estrangeiros sobre os Açores (ex.º John e Henry Bullar “A Winter in the Azores and a Summer in the Baths of Furnas”, John Updike “Azores”, Mark Twain, "Innocents abroad" (capítulos sobre os Açores na ilha do Faial, Maria Orrico "Terra de Lídia", Romana Petri "O Baleeiro dos Montes", António Tabucchi "Mulher de Porto Pim"))
3. HOMENAGEM CONTRA O ESQUECIMENTO:
Dias de Melo e todos os autores açorianos, já esquecidos ou ainda não, como por exemplo entre muitos outros (lista arbitrariamente compilada) Adelaide Baptista, Frank X. Gaspar, Norberto Ávila, Álamo Oliveira, Garcia Monteiro, Nuno Costa Santos, Alexandre Borges, Gaspar Frutuoso (século XVI), Onésimo Teotónio de Almeida, Ângela Almeida, Ivo Machado, Pedro da Silveira, Antero de Quental (séc. XIX), João de Melo, Roberto de Mesquita (sécs. XIX e XX), Armando Côrtes-Rodrigues (séc. XX), Judite Jorge, Rui Machado, Carlos Wallenstein, Katherine Vaz, Santos Barros, Cristóvão de Aguiar, Luís Filipe Borges, Tiago Prenda Rodrigues, Daniel de Sá, Madalena Caixeiro, Urbano Bettencourt, Eduardo Bettencourt Pinto, Madalena Férin, Urbano de Mendonça Dias, Eduardo Jorge Brum, Margarida Jácome Correia, Vamberto de Freitas, Eduíno de Jesus, Maria Luísa Soares, Anthony de Sá, Emanuel Félix, Mário Cabral, Emanuel Jorge Botelho, Martins Garcia, Fernando Aires, Natália Correia, E TODOS OS OUTROS...
1.
Adriano Moreira
Academia de Ciências de Lisboa Vice-Presidente Presidente da Classe de Letras e do Instituto de Altos Estudos
O acordo ortográfico
2.
Anabela Brito Mimoso
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Porto, Portugal
Teófilo Braga e a Literatura Tradicional
3.
Ângelo Cristóvão
Academia Galega da Língua Portuguesa Galiza
O acordo ortográfico
4.
António-Gil Hernández
Academia Galega da Língua Portuguesa, Galiza
A Galiza na Lusofonia: reflexões sobre a Academia Galega da Língua Portuguesa
5.
Augusto de Abreu
Ass. de Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, Academia S. José de Letras, Sta Catarina, Brasil
A herança luso-açoriana em Santa Catarina
6.
Barbara Gori
Universidade degli Studi di Torino, Itália
Considerações sobre as versões em língua italiana do soneto Lacrimae Rerum de Antero de Quental
7.
Barbara Juršič
Ministério da Administração Interna, Eslovénia
Tradução e recetividade da literatura lusófona na Eslovénia
8.
Carlos Reis
Reitor da Universidade Aberta, Lisboa, Portugal
O acordo ortográfico (sessão plenária)
9.
Célia Cordeiro
EBI Maia, Açores
Vozes femininas do silêncio nos Happy Days do estado Novo numa pequena cidade da ultraperiferia
10.
Mª Célia Lima-Hernandes e
Universidade de S. Paulo, Brasil
Andar, ir e vir no português: camadas sincrónicas e rotas de gramaticalização
11.
Vanessa Cacciaguerra
--
idem
12.
Concha Rousia
Academia Galega da Língua Portuguesa. Galiza
Mudança de narrativa linguística
13.
Cristina Vianna
Ass Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses, Brasil
Ribeirão da Ilha e suas raízes açorianas
14.
Cristóvão Aguiar
Autor convidado
Literatura açoriana (sessão plenária)
15.
Daniel de Sá
Autor convidado
Literatura açoriana (sessão plenária)
16.
Dina Ferreira
Universidade Mackenzie, S. Paulo, Brasil
Lusofonia: identidade e sentido de pertença
17.
Edma Satar
Fac. de Psicologia e Ciências da Educação Lisboa Portugal
O prefixo des- como expressão de negação no Português de Moçambique
18.
Arantes e Oliveira
Academia de Ciências de Lisboa Presidente
--
19.
Evanildo Bechara
Academia Brasileira de Letras Brasil
O acordo ortográfico (sessão plenária)
20.
Graça Castanho
Universidade dos Açores
A problemática do género no sistema de ensino português
21.
Graça Pina
Universidade degli Studi di Napoli Orientale, Itália
A insularidade textual n’A Ilha de Circe, de Natália Correia
22.
Helena Anacleto-Matias
ISCAP, Instituto Superior de Contabilidade e Administração, Porto, Portugal
Katherine Vaz em tradução: “Fado e outras histórias” como recuperação da memória açoriana
23.
Helena Figueira
Priberam Informática SA, Portugal
O acordo ortográfico de 1990 e os corretores ortográficos automáticos
24.
Isabel Rei
Academia Galega da Língua Portuguesa, Galiza
A guitarra no Arquivo Valladares: música galega na lusofonia
25.
Isabelle Oliveira
Universidade Paris III Sorbonne Nouvelle, França
Tratamento automático da metáfora – um contributo para o mundo da tradução
26.
J. Malaca Casteleiro
Academia de Ciências de Lisboa, Classe de Letras, 2ª Secção – Filologia e Linguística, da Academia de Ciências de Lisboa
O acordo ortográfico (sessão plenária)
27.
J. Carlos Gentili
Academia de Letras de Brasília, Brasil
Os Açores e o continente de São Pedro
28.
J. Carlos Teixeira
Universidade da British Colúmbia, Okanagan Canadá
Toronto e Montreal multiculturais, a décima ilha açoriana
29.
Júlio C. Soares
Academia de Letras de Biguaçu, Sta Catarina, Brasil
Remo: uma proposta de intercâmbio cultural
30.
Luciano Pereira
Escola Superior de Educação Setúbal, Portugal
A ilha no imaginário poético de temática açoriana
31.
Mª José Grosso
Universidade de Lisboa, Portugal
Um olhar açoriano sobre Macau
32.
J. Malaca Casteleiro Mª Francisca Xavier
Academia de Ciências de Lisboa
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Um dicionário da língua portuguesa medieval
33.
Mª Lourdes Crispim
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
idem
34.
Madalena Teixeira
Escola Superior de Educação Santarém/ Universidade de Lisboa, Portugal
Para a identificação de uma matriz linguística no uso de estrangeirismos na língua portuguesa
35.
Mário Moura
Câmara Municipal da Ribeira Grande, Açores
O nascimento de uma paróquia: N. Sra. da Conceição
36.
Miguel Magalhães e

Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Herança clássica e modernidade em O Progresso de Édipo de Natália Correia
37.
Ricardo Duarte
idem
idem
38.
Nuno Martins
Câmara Municipal da Lagoa, Açores
Lusofonia, do velho ao novo mundo. Reflexão sobre a aplicabilidade da Teoria Realista e da Teoria do Soft Power
39.
Osmarina de Souza
Academia de Letras de Biguaçu, Sta Catarina, Brasil
Dias de Melo
40.
Raul Gaião
Colaborador Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, e Houaiss Portugal
Asiaticismos no dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea
41.
Renato Modernell
Universidade Mackenzie, S. Paulo, Brasil
Tabucchi: a traição sutil, o livro mulher de Porto Pim como narrativa de viagem,
42.
Rosa Madruga Pinheiro
Universidade do Sul de Sta Catarina Brasil
Ecos de uma publicação: Pioneiros Açorianos no Uruguai
43.
Rosário Girão e
Universidade do Minho, Braga, Portugal
Homenagem a Dias de Melo: silêncio, palavra e memória
44.
Manuel J Silva
Universidade do Minho, Braga, Portugal
idem
45.
Sérgio Prosdócimo
Grupo Gira Teatro, Sta Catarina Brasil
A arte como instrumento de aproximação de povos distantes
46.
Sidónio Bettencourt
Autor convidado
Literatura açoriana (sessão plenária)
47.
Silmara Annunciatto
Sociedade dos Poetas Advogados/Grupo Gira Teatro, Sta Catarina Brasil
Inclusão cultural “Roda de Fogo” um exemplo do que é possível
48.
Tiago Anacleto-Matias
Parlamento Europeu, Bruxelas Bélgica
Cenários possíveis na evolução da língua portuguesa nos serviços de tradução e interpretação da UE no sec. XXI
49.
Vilca Merízio
Academia de Letras de Biguaçu, Sta Catarina, Brasil
A arte de Ferreira Pinto, Horácio Medeiros, Machado Pires e Fernando Aires
50.
Zélia Borges
Universidade Mackenzie, S. Paulo, Brasil
Dias de Melo e Caymmi: dois autores e o mar

Para além de relembrarmos os autores açorianos consignados ao esquecimento e propugnarmos pela sua divulgação em novos mercados, iremos abordar a implantação imediata do segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico de 1990 (já em vigor no Brasil) e pretendemos criativamente questionar a influência que os fatores da insularidade e do isolamento tiveram na preservação do caráter açoriano. Iremos manter uma sessão dedicada à tradução que é também uma forma de divulgação cultural. Veja-se o recente exemplo de Saramago que já vendeu mais de um milhão de livros nos eua, e onde é difícil a penetração de obras de autores de outras línguas e culturas. Pretendemos manter anualmente esta Homenagem em memória dos escritores açorianos para os levarmos destas nove ilhas, aos quatro cantos do mundo.

Aqui nos Açores, nos três encontros anteriores criámos a reputação de exigência e intransigência para a necessidade de reconhecimento universal da riquíssima literatura açoriana, parente pobre da literatura portuguesa. Pretendemos manter anualmente um variado fluxo de personalidades para que, conjuntamente com os que vivem nestas nove ilhas, no continente e no resto do mundo, debatam a lusofonia e mais especificamente a açorianidade e a sua manifestação literária impar. Deste intercâmbio de experiências entre residentes, expatriados e todos aqueles que dedicam a sua pesquisa e investigação à literatura, à linguística, à história dos Açores ou qualquer outro ramo de conhecimento científico, podemos aspirar a tornar mais conhecida a identidade lusófona açoriana.

Estes Colóquios já não são marginais em relação às grandes diretrizes aprovadas nos gabinetes de Lisboa ou de Brasília, e têm servido para trazer à ribalta assuntos que não estão normalmente na agenda dos políticos ou dos países. Criámos uma vasta rede informal de investigadores dedicados que permite abarcar novos e ambiciosos projetos dentro de um livre intercâmbio de experiências e vivências, prolongado ao longo destes anos. Em 2004 fizemos a campanha que salvou o Ciberdúvidas; em 2005 presidimos ao lançamento do Observatório da Língua Portuguesa integrado na CPLP; em 2006 lançámos a criação da Academia Galega da Língua Portuguesa. Em 2007 atribuiu-se o 1º Prémio Literário da Lusofonia. Em 2008 iniciámos parcerias com Universidades e Politécnicos rumo à concretização do projeto da Diciopédia/Dicionário Contrastivo da Língua Portuguesa e Dicionário de Açorianismos, formalizado no 2º Encontro. Em 2008 assistimos também a mais um debate sobre o Acordo Ortográfico e ao primeiro ato oficial da nova ACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA, que os Colóquios ajudaram a criar, além do anúncio do eventual Museu da Língua a criar em Bragança

O desconhecimento, a nível do resto do mundo, da nossa realidade insular combate-se levando a cabo iniciativas como esta para divulgar os Açores e a sua presença no seio de uma Lusofonia alargada. Pretendemos aproximar povos e culturas no seio da grande nação dos Lusofalantes, independentemente da sua nacionalidade, naturalidade ou ponto de residência, todos unidos pela mesma língua.

Resta-nos a esperança de combater a insularidade em termos culturais. Portugal é um país macrocéfalo. Em S. Miguel, existe essa mesma macrocefalia cultural em torno de Ponta Delgada e é muito raro que outras cidades ou vilas tenham acesso a debates desta natureza, daí termos decidido manter o Encontro nesta simpática urbe da Lagoa.

Com os melhores cumprimentos

COLÓQUIOS DA LUSOFONIA/IV ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA, Abril de 2009
Telefone: (351) 296 446940 - Telemóvel: (+ 351) 91 9287816 / 91 6755675 E-mail fax: + (00) 1 630 563 1902E-mail: coloquioslusofonia@gmail.com , coloquiolusofonia@gmail.com ; lusofoniazores@gmail.com , lusofoniazores@sapo.pt, lusofonia@sapo.pt

Com os melhores cumprimentos


COLÓQUIOS DA LUSOFONIAIV ENCONTROS AÇORIANOS DA LUSOFONIA, Abril de 2009O Presidente da Comissão Executiva, J. CHRYS CHRYSTELLO, ACL Mentor, University of Brighton, UK. Reviewer Helsinki University, Finland, Past Assessor Portuguese Literature, Australia Council, UTS, University of Technology Sydney AustraliaTelefone: (351) 296 446940 - Telemóvel: (+ 351) 91 9287816 / 91 6755675 E-mail fax: + (00) 1 630 563 1902E-mail: coloquioslusofonia@gmail.com , coloquiolusofonia@gmail.com ; lusofoniazores@gmail.com , lusofoniazores@sapo.pt, lusofonia@sapo.pt Página da internet: HTTP://LUSOFONIAS.COM.SAPO.PT 4º Encontro Açoriano da Lusofonia http://lusofoniazores2009.com.sapo.pt Diciopédia Contrastiva dos Colóquios da Lusofonia: http://diciopedia.com.sapo.pt Tudo sobre o Acordo Ortográfico http://lusofonias.com.sapo.pt APOIOS Câmara Municipal de Lagoa e DRC (Direcção Regional das Comunidades)PARCERIAS COM UNIVERSIDADE MACKENZIE DE SÃO PAULO, BRASILESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBALESE, INSTITUTO POLITÉCNICO DE BRAGANÇAACADEMIA GALEGA DA LÍNGUA PORTUGUESA

A REFORMA ORTOGRÁFICA - CASA RUY BARBOSA.


A LUSOFONIA COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE

I Simpósio de Lusofonia 14 de Abril de 2008
Palestra proferida por Francisco Neto Brandão.
Cônsul Honorario de Portugal em Fortaleza.


Esta conferência foi elaborada com uma aspiração . Que os seus ouvintes oufuturos leitores possam refletir ou extrair fundamentos para que esta nossalíngua comum origine uma maior valorização dos seus países, das empresasonde trabalham, e sobretudo, um estímulo de valorização pessoal quereverta para o *bem estar comum* . As conclusões que julgamos ter retiradoda reflexão e da pesquisa do tema apontam para que no mundo actual serlusófono nos assegura uma vantagem comparativa que nos importa saberexplorar .*O Presidente da República de Portugal , Cavaco Silva defendeu recentementeque a Lusofonia deve ser "um espaço dinâmico de trocas intelectuais e deprodução conjunta de conhecimentos, com projecção e voz própria na chamadaaldeia de global".(...)* *a língua portuguesa tem "mais de 220 milhões defalantes nativos", a quinta língua mais falada no mundo e possui estatutode idioma oficial em organizações como União Européia, Mercosul e UniãoAfricana” *. Acresce ainda uma diáspora sobretudo de Brasileiros ,Portugueses e Cabo-verdianos em influentes comunidades por esse mundo forabem como um crescente número de turistas em movimento.Vivemos na era do conhecimento sendo este também o seu bem mais precioso.Hoje os mercados se difundiram para todo o mundo , aquilo que chamamosglobalização , originando um busca incessante por recursos com os menorescustos possíveis . Atravessamos uma era de importantíssimas conquistasmateriais que no entanto geram turbulência e ansiedade pelas incertezas dacompetitividade . “*A competição , a força mais poderosa do capitalismo geraansiedade em todos nós *ao mesmo tempo que *o padrão e a qualidade de vidaalcançaram níveis sem precedentes em grandes áreas do planeta “ .** *Este é o nosso Mundo na actualidade* .** ** *Poderá a lusofonia global contribuir com um factor de equilíbrio para ummundo auto-sustentável dada a nossa matriz humanista secular, sem abdicar dalegitima aspiração a melhores condições de vida material? Poderemos evoluirdentro da nossa matriz num meio-termo com o padrão só possível apequeníssimos e singulares nações que introduziram o conceito de *Bem EstarNacional Bruto* “*antepondo a felicidade da nação ao desenvolvimentoeconômico por si só “ ?** *A tão falada Globalização, primeiro dos *países*, teve no século xx umsegundo momento a globalização das* empresas* . Adentramos o século XXI comuma nova e desafiadora realidade . *A globalização individual* que nospermite disponibilizar a força de trabalho para qualquer parte do mundo oupor outro lado recorrer a força de trabalho em qualquer parte do mundo ,devido em parte às novas tecnologias de comunicação que *achataram* o mundo. Posso estar em Fortaleza e participar de um curso superior em Portugal ,posso integrar-me em Lisboa num grupo de trabalho internacional conjuntopara desenvolvimento de novos produtos em permanente comunicação . Acentral telefónica que atende países lusófonos pode estar fisicamente emLisboa ou no interior do Estado do Ceará .Essa nova realidade gera uma nova responsabilidade individual . O bem comumdepende fortemente do investimento na nossa valorização pessoal , sendocerto que a competitividade se irá adquirir na dependência dos meios deensino e formação à disposição pelos países .Não nos devemos iludir por isso com a disponibilidade de recursos naturaisou a sua escassez. A riqueza das nações depende dos recursos humanos peseembora a recente valorização dos bens alimentares e energia .O presidente de S. Tomé e Príncipe , ao descobrir grandes reservas depetróleo em suas águas territoriais observou o seguinte em 2003*“As estatísticas mostram que os países em desenvolvimento ricos em recursosapresentam desempenho muito pior que os pobres em recurso , em termos decrescimento do PIB . Seus indicadores sociais também se situam abaixo damédia .Em S.Tomé e Príncipe Estamos determinados a evitar esse paradoxo daabundância* “ Citado pelo Ex presidente do Banco Central Americano *AlanGreenspan* \Certamente outro país lusófono , Cabo-verde , escasso em recurso naturaismas com um povo dinâmico e empreendedor é um feliz exemplo desta constataçãoa que recorrerei mais à frente nesta palestra .A tecnologia de um bem reside nos processos que levaram à sua elaboração. Assim , um simples grão de soja , produto de pesquisas genéticas epatenteado, pode encerrar em si mesmo mais tecnologia aplicada que umequipamento eletrônicoA Tecnologia é conhecimento e conhecimento depende da sua comunicação . Sóa língua permite a transferência de conhecimento . Então bastaria uma únicalíngua no mundo em que vivemos? Caminhamos inexoravelmente para umnivelamento? Julgamos definitivamente que não.Que nos diz a História pois “quanto mais se recua na observação do passadomais se avança na visão do futuro como diria Winston Churchil ? A humanidadeconheceu vários períodos hegemônicos e não se fixou numa única língua mas emricas variantes . Lingua é evolução . A língua portuguesa foi no século XVIe XVII *língua franca *na Costa Africana , no Oceano Indico e no litoral daÁsia mercê da expansão marítima portuguesa . Foi verdadeiramente a primeiralíngua global pois unia povos distantes nos extremos do globo e não apenasterritórios contíguos e próximos como 1000 anos antes se verificou com olatim na Europa e na Bacia Mediterrânica .Com o português um conjunto de Civilizações longínquas do Oriente e doOcidente se encontraram de forma sistemática. A plasticidade da língua , asua facilidade de assimilação por outros povos e a permanência da presençaportuguesa asseguraram a sua manutenção como língua de unidade nacional em 8países em 4 continentes . Não há sequer dois países lusófonos vizinhos .Apenas continuidade geográfica . A diversidade cultural de cada país e a suaidentidade repousam em segurança na união de uma língua e matriz comum .Essa língua uniu um país continente como o Brasil evitando o seudesmembramento . Agregou um território vastíssimo como Angola e Moçambiqueformados por diferentes etnias . Firmou um sentimento nacional naGuiné-Bissau , S Tomé e Príncipe , Timor Leste e nas Ilhas de Cabo-verde .Este seria por si só um patrimônio de valor incomensurável mas almejamosoutro patamar .A nossa língua como factor distintivo e vantajoso .O valor econômico da língua reside em primeiro lugar em assegurar *o baixocusto de comunicação *pela existência de uma vasta comunidade lusófona .Trata-se assim de um primeiro estágio de internacionalização . Para osempresários parece prudente explorar inicialmente o mercado lusófonoinclusivamente cruzando apoios e informações com as instituições dosdiversos países e as suas variadas comunidades na diáspora .Um reforço da competitividade será certamente a harmonização ortográfica quese espera para os próximos anos facilitando a comunicação , o ensino eabrindo as portas para um imenso mercado editorial comum . Resta a pergunta. O que nos fez demorar tanto?A lusofonia abrange espaços geográficos vastíssimos superiores à dimensãodos seus falantes o que ainda permite o seu crescimento demográfico .Por outro lado a valorização do que somos e do que produzimos em bens eserviços , depende da *diferencialidade* , sermos distintivos einovadores para sermos competitivos . Este factor aplica-se a Portugal ejulgamos podemos estender à nossa Comunidade Lusófona . A Lusofonia globalremete-nos para uma maneira de estar no mundo com uma matriz humanista .Acredito que a nossa matriz nos possibilita de forma sui generis uma visão eum respeito pelo outro . Se a nossa matriz é de união pois todos os povoslusófonos se mantêm unidos , se a nossa matriz é de comunicadores , é porqueexiste uma identificação , é porque somos capazes de conhecermos os outrospovos e de nos integrarmos . Se somos capazes de conhecer o outro temos umanatural vocação de identificarmos as suas necessidades , de produzirmos oucomercializarmos bens ou produtos adequados . O mundo globalizado vai pedire valorizar a diferença e aqueles capazes de interpretarem e oferecerem . Omundo globalizado achata o acesso mas valoriza a *diferencialidade .*O Ministro português da Cultura, afirmou recentemente “ *que FernandoPessoa, enquanto produto de exportação da língua portuguesa, pode valer maisem termos econômicos do que a operadora Portugal Telecom *“ (PT, uma dasdonas da Vivo).O ministro anunciou a realização de um estudo sobre o valor econômico dalíngua portuguesa, em colaboração com o Brasil, que vai incidir sobre osoito países lusófonos e as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.Seria uma vantagem ter como lingua mãe a lingua mais compreendida no mundoque na actualidade é o inglês ? Pelos motivos já expostos e pelos quepassaremos a expor julgamos que não . Aqueles que assim pensarem *dissolvem-senum mar que não é o deles *como diria o Poeta Jorge de Sena . O inglêsnecessário para uma comunicação eficaz adquire-se com apenas alguns anos deensino em escolas públicas na Europa e facilmente evolui e se aperfeiçoa coma prática , o visionamento de filmes , tv , Internet . Um estudante deensino médio europeu domina o inglês básico de um americano .É já um dado adquirido as vantagens do domínio de uma ou de preferência maislínguas estrangeiras para o desenvolvimento do cérebro.Diversas línguas asseguram múltiplos pontos de vista , variantes queenriquecem um patrimônio comum . Dinâmicas economias têm na sua base línguascomplexas que praticamente não ultrapassam as suas fronteiras .Veja-se oexemplo do Japão , Alemanha , Finlândia , Noruega , Suécia , Dinamarca , eagora China com os seus multiplos dialetos. . São línguas complexas que secomunicam muitas vezes pelo código comum . O código comum mais difundido éneste momento o inglês e dentro da China o Mandarim . Esse é o verdadeiropatrimônio do actual momento de transferência instantânea de conhecimento ea sua democratização . O acesso a um código comum mas que ainda assim seadequa a cada realidade cada pais , cada região. Um factor decompetividade é dominar de forma básica a linguagem técnica de uma segunda eaté de uma terceira língua o que será fácil se ensinado desde pelo menos aadolescência . Assim e ao contrário do que afirmava o provocador personagemde Eça de Queiroz , Fradique Mendes , podemos nós afirmar hoje que *opoliglota é patriota . ***Gostaria de sublinhar que o primordial factor de competitividade não éconhecer várias línguas mas *conhecer muito bem a nossa língua* o que só épossível com um ensino generalizado básico e médio público de grandequalidade .*Uma língua não se faz pelo número de falantes, mas pelo seu nívelcultural*O espaço lusófono no verdadeiro sentido do domínio generalizado da norma ,do domínio da língua de forma funcional ainda não existe . Ainda tem de serultimado o que revela o seu potencial . O domínio da norma , da língua foium factor de opressão , um factor distintivo de classes sociais . Importapor isso dotar a população de educação que a emancipe . A língua é a formamais acessível de valorização pessoal . É o nosso cartão de visita . Acompetência por excelência é sem dúvida a forma como comunicamos . Sedominamos a norma , se respeitamos e sabemos transmitir de forma fidedignauma mensagem , somos bons comunicadores e somos assim capazes de nosintegrarmos num fluxo de trabalho , numa equipe de investigação , somosassim capazes de influir e elaborar instruções e procedimentos .Importa assim erradicar de forma prioritária o analfabetismo funcional. Só oprofundo conhecimento da língua materna permite um lastro de competitividadepara a abordagem de novos mercados com outras línguas ,outrasidiossincrasias . Importa valorizar a língua portuguesa como instrumento deprogresso comum e patrimônio de todos os povos .A lusofonia é um espaço não apenas lingüístico mas de afinidades comuns queimporta conhecer . É no entanto um espaço de diferenças profundas que têmque ser respeitadas e devidamente compreendidas sob pena de se comprometeremas relações comerciais e econômicas no que constitui uma “ armadilha “ dalíngua . Isto é algo que importa ter presente quando por são já são vastosos investimentos directos de Portugal nos Países Lusófonos , nomeadamente noBrasil onde na década recente já importam em cerca de *40 Biliões* de reais. Por outro lado Portugal exporta 4,4% da sua produção para os paíseslusófonos africanos , cerca de *4 mil milhões de Reais* o que ésignificativo especialmente se observarmos o peso relativo do lado asimportações desses países .Exemplo de integração lusófona recente Ceará e Cabo VerdeGostaria de pinçar um exemplo do relacionamento entre países e regiões lusófonosdado que é um caso recente em permanente crescimento e que também revelao potencial ainda por explorar . O caso do Ceará e Cabo Verde . Em 2000 oCeará exportava apenas 40.790 USD . Iniciadas as ligações aéreas regularesentre um país e um estado com dimensão de país europeu que é o Ceará foramestimuladas afinidades e firmadas parcerias . Primeiro os pequenoscomerciantes cabo-verdianos demandaram o Ceará e alimentaram um fluxocomercial a que as autoridades logo atentaram dinamizando missõesempresariais e parcerias governamentais . Seguidamente economia e educaçãoderam as mãos e foram criados acordos entre a Universidade Federal do Cearáe Cabo Verde para a implantação de Universidade Pública em Cabo Verde . Sãonumerosos os estudantes cabo-verdianos em Fortaleza tendo sido criada a Casado Estudante de Cabo-verde . Cada pessoa que se desloca a outro paísespecialmente de forma mais prolongada ou duradoura é uma âncora de novoscontactos e relacionamentos futuros permanentes.Para o Brasil o Comércio com Cabo-verde pode ser não muito expressivo apesarde estar em crescimento atendendo aos seus 23 milhões de dólares mas só oCeará , pequeno estado do nordeste representa 21,22% do total vendido peloBrasil sendo superado apenas por S.Paulo .Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).Esse factor é tanto mais importante quando em África é sabido que asrelações de negócio se constroem antes de mais após conhecimento pessoal econfiança mútuo. É o negócio “olhos nos olhos”*Germano Almeida**.** Escritor Cabo Verdiano escreveu. Há poucos dias umamigo meu, brasileiro, hospedado aqui num hotel em S.Vicente telefona-me:Germano, vem cá!, mas enquanto estou pensando, e começo mesmo a dizer, queno momento não me dá jeito nenhum sair de onde estou para ir ter com ele,ele nem me ouve e continua despejando não sei quantas palavras sobre mim.Pouco depois volta a repetir o "vem cá!" e acabo finalmente entendendo: Eleapenas está a chamar a minha atenção para qualquer coisa.**Sem dúvida! Gosto desta língua que me permitiu ler no original asdeliciosas prosas de Eça de Queirós ou Jorge Amado, entender e apreciar o"vem cá!" e nunca me impediu de sentir e afirmar a minha identidade de homemcabo-verdiano.( fim de citação )*Aproxima-se o final desta minha palestraOlho para a lusofonia com orgulho por pertencer a um vasto trampolim para osdesafios do mundo globalizado .Gostaria de dizer para todos os jovens de forma muito prosaica e proverbialcomo diriam as nossas avós . “*Quem não se enfeita por si se enjeita” *,quem não enaltece a sua língua a sua mais primordial e ontológica forma deser , por si mesmo se desvaloriza .Valorizemo-nos portanto com brio e orgulho e sentido estratégico comum .*Venha a maré cheia de uma idéia p´ra nos empurrar **Só um pensamento no momento para nos despertar* ( Zeca Afonso )Para concluirDado que* Ninguém tem mais peso que o seu canto* ( Herberto Helder ) *anossa voz na aldeia global *soa mais alto se for em coro e com convicção .Remetamos também a deliciosa melodia e letra do Zeca Pagodinho , *Deixa avida me levar , * para o plano meramente filosófico meditativo e suportemoscom toda a nossa garra de um passado comum o hino do Geraldo Vandré. *Vem vamos embora que esperar não é saber , quem sabe faz a hora não espera acontecer .
*Muito obrigado.
Francisco Neto da Silveira Brandão.