sexta-feira, 17 de abril de 2009

II Simpósio Lusofônico - Ceará/2009 - Palestras.

Discurso por Ocasião do Simpósio Lusofônico
em Fortaleza, CE.
Por José Fernando Aparecido de Oliveira

“Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que
se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha
língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor,
como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do
deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.”
Com essas palavras, o escritor português Vergílio Ferreira registrou a razão de ser de uma comunidade internacional pautada sobre a língua portuguesa. Ele conseguiu descrever a essência da Lusofonia quando percebida como um canal, além-mar, para a cooperação humanista. Sobre esse pensamento, meu pai – o embaixador José Aparecido de Oliveira lutou para que todos os falantes lusófonos ao redor do mundo pudessem, por meio da amizade, estabelecer um elo de crescimento e desenvolvimento humano.

Para além das rodas diplomáticas, a Lusofonia deve ser encarada como a chave de comunicação capaz de gerar força na aproximação entre os oito países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Alcançar o objetivo máximo a que nos propomos quando falamos de cooperação lusófona internacional leva-nos obrigatoriamente a buscar grande envolvimento de toda a população de Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. E não simplesmente de acadêmicos, diplomatas e apaixonados pelo assunto.

A cooperação, a concertação político-diplomática e a promoção e difusão da língua portuguesa estão estabelecidos nos estatutos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como os três objetivos da CPLP. A partir da orientação destes três pilares, definidos quando da criação da instituição em 1996, devem surgir as ações comunitárias. Entretanto, dois novos pressupostos vêm, mais recentemente, se conformando de forma a alargar os objetivos comunitários: a promoção da cooperação econômica e comercial; e a cidadania e circulação de pessoas no universo geográfico dos países de língua portuguesa. Por si só, a população dos países falantes do português está acomodando o significado de ser parte de uma comunidade lusófona internacional. No que diz respeito à promoção da cooperação econômica e comercial, o crescente envolvimento do Brasil com os três países da CPLP da África Ocidental ( Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Cabo-Verde ) – sob uma perspectiva comercial e econômica – tem se fortalecido em meio a uma região que historicamente sofre forte influência, dessa natureza, proveniente da França. Quanto à cidadania e à circulação de pessoas no universo geográfico dos países de língua portuguesa é notável citar o intercâmbio de pesquisadores e estudantes universitários; e o acesso facilitado de profissionais, entre os países lusófonos, com fins de transferência de conhecimentos.

Os interesses da sociedade civil de cada Estado-membro da Comunidade dos países de Língua Portuguesa é que são responsáveis pelos avanços da CPLP. Isso acontece por meio da convergência daquilo que internamente definiram como sendo seu interesse nacional. É o consenso que dita a ação dentro da comunidade lusófona. Apesar de se reconhecerem na tradição política e institucional do direito romano e da própria religião católica, todos eles vivem realidades bastante díspares. Assim, é relevante também mencionar que a votação dos Estados-membros dentro da CPLP é consensual, dá o direito de veto a qualquer um dos componentes e, portanto, leva o grupo a, obrigatoriamente, pensar nos benefícios a serem gerados para toda a Comunidade – e suas diferentes populações –, enquanto consideram os próprios interesses.

Em função do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – feito entre diferentes nações lusófonas, a sociedade civil se mobilizou. Somente ele é pouco. São necessários o “Acordo Educacional da Língua Portuguesa”, o “Acordo Anti-Corrupção da Língua Portuguesa”, o “Acordo da Fome da Língua Portuguesa”, o “Acordo de Desenvolvimento da Língua Portuguesa”, o “Acordo da Paz da Língua Portuguesa”, “Acordo de Promoção Cultural da Língua Portuguesa” entre tantos outros. É necessário que lancemos mão da língua portuguesa para construirmos um mundo melhor. E ela é forte. Da nossa língua, vê-se o mar.
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Ao ensejo desse esforço conjunto coordenado pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aproveito para lançar a idéia de um novo espaço. Com ele, acredito que a aproximação dos imortais escritores dos oito países de língua portuguesa, seja também a aproximação das idéias, dos esforços e, sobretudo, da história de todos os povos lusófonos. Disponho-me, fraternamente, para que trabalhemos na fundação de uma Academia Lusófona de Letras.



Palavra do Embaixador de Portugal no Brasil em visita ao Ceará.

Saudação ao Ceará
João Salgueiro

Por ocasião da primeira visita que realizo ao estado do Ceará, gostaria de saudar de forma especial os cearenses, a Comunidade Portuguesa aqui residente e, na pessoa do senhor Governador Cid Gomes, as autoridades brasileiras. Esta visita ocorre no início do meu mandato como Embaixador de Portugal no Brasil, atendendo ao dinamismo e intensidade do relacionamento de Portugal e dos portugueses com o Ceará. Queremos apoiar e aprofundar esse intercâmbio. Os Portugueses são parceiros no grande desenvolvimento do Ceará . Ouvirei dos empresários portugueses, lado a lado com os seus colegas cearenses, as suas propostas para o incremento dessas relações. Com o senhor Governador Estadual, bem como com a senhora Prefeita de Fortaleza, analisaremos os apoios que poderão ser prestados a essas parcerias. Procurarei conhecer pessoalmente as razões do Ceará se ter tornado um destino turístico e de investimento para os portugueses e um dos locais onde a Comunidade Portuguesa mais tem crescido no mundo.Sublinharei a importância da realização, em Setembro de 2009, em Fortaleza, do V Encontro de Negócios na Língua Portuguesa. Deixarei também uma palavra de apreço ao Estado que é origem de parte importante da Comunidade Brasileira residente em Portugal . Terei a grata satisfação de me reunir e conviver com a nossa comunidade, plenamente integrada . Esta minha primeira visita coincide com o 35º aniversário da Revolução dos Cravos, efeméride que será assinalada na Assembleia Legislativa do Estado, que quis assim associar-se de forma solene às celebrações da data em que Portugal recuperou a sua liberdade e reinstaurou um regime democrático. A abertura democrática permitiu a adesão de Portugal à UE e o correlativo desenvolvimento econômico, que haveria de potenciar, em meados doas anos 90, importantes investimentos portugueses no Brasil, com especial realce para o estado do Ceará. Esta nova presença .