Onda recente de notícias trouxe aos meios de comunicação ocorrências de pedofilia no seio da Igreja Católica, revelando as marcas humanas no seio da milenar instituição e sua longa história. Pessoas, sobre as quais pesavam responsabilidades extremas para o encaminhamento moral das novas gerações, no momento seguinte se veem no foco de acontecimentos ilícitos, a permitir o crivo da civilização que explora ao máximo o sensacionalismo e tende a precipitar conclusões, numa época fértil em denominações religiosas.
Defronte do quadro das mazelas verificadas no interior da maior e mais tradicional condutora de fiéis do Ocidente cabem algumas interpretações que signifiquem algo complementar aos libelos acusatórios impiedosos levantados.
A boa ciência reclama serenidade, invés de precipitação, nos sérios julgamentos. Porquanto há caldo volumoso, ainda a ser considerado, de serviços validos creditados aos quantos conduzem a Barca de São Pedro, como se costuma chamar a Igreja.
E no andar dos conceitos, desponta na memória o trecho da vida de Jesus quando lhe foi trazida ao exame uma mulher adúltera, que entre os judeus sofreria execução pública por causa do crime praticado, no império da lei vigente.
Perguntado qual sua posição ante a sentença, o Divino Mestre devolveu aos maiorais daquele povo, prontos exercer a pena e matar a mulher, as célebres palavras evangélicas: “Quem estiver sem pecados, atire a primeira pedra” (João 8, 1-11).
É isso que vem ao pensamento, na sede justicialista dos que reclamam justiça fria e cruenta aos delitos identificados nos grupamentos católicos, de algumas localidades do mundo, a esquecer aspectos valiosos de sensatez do conjunto católico, nas eras da sua história, evidenciando a exclusiva falibilidade humana dos níveis individuais de cada crime, o outro nome da generalização preconceituosa.
Igualmente, quase sempre os autores das severas condenações esquecem dos débitos da humanidade para com os sucessos multiformes da Igreja Católica em lances benfazejos. Apontar, de modo único e fatal, ordenar a pronta lapidação da instituição como responsável exclusiva pelos defeitos da raça composta de muitos indivíduos, que deve também ao espírito da justiça cristã sua vasta formação de mentalidade civilizadora, sujeita impor aos bons dores fruto de pecados particulares de uma parte desse todo, a denotar parcialidade e ingratidão.
Nisso a História prescreve um exame consciencioso dos casos indesejáveis e suas imediatas reparações, rumo aonde o joio nunca seja o trigo, sem pretender generalizar motivos parciais, coerência esta que ensina a Verdade, nas promessas do eterno Amor.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
As cidades atuais - Emerson Monteiro
Nas suas origens, a cidade surgia como solução dos problemas de uma humanidade solitária, assuntada em face das intempéries naturais. Quando os seres humanos notaram que a ordem individual das pessoas precisava encontrar alternativas comuns para seus problemas, naquele momento decidiram abrir mão dos valores da paz pessoal em nome da formação dos aglomerados coletivos e seguros.
E agora, transcorridos milênios de experiências, o que vemos são essas cidades lotadas de interrogações quanto a um futuro melhor, onde os dramas de que as pessoas fugiram ao deixar a selva apresentam face talvez tão pavorosa quanto no início da grande aventura social.
Às portas das residências urbanas batem hoje demandas de tão difíceis respostas que agoniam o espírito moderno como garras afiadas a pescoços descobertos. Em velocidade estúpida, o crescimento desordenado das populações já invade áreas de risco inadequadas e inóspitas; a construção de moradias anda a passos lentos em relação ao número de habitantes; as distâncias impõem milhões de transportes que abarrotam vias de circulação e tornam lentos os percursos entre a casa e o trabalho; a sobrevivência reduz conceitos morais em níveis jamais suportados de perversão, ocasionando guerra de classes e desconfiança mútua entre as pessoas, num somatório desordenado de vícios e violência, na coletivização da insegurança e da promiscuidade, tudo levando de roldão o sonho dourado da paz às raias de pesadelos e desencantos avassaladores.
Diante disso, os caminhos da política, velha reserva das respostas negociadas na praça pública, tornam-se tortuosos e ineficazes para oferecer frutos doces de honestidade a que se propunham nos primórdios.
As cidades, em consequência disso, acordam, dia após dia, na longa fila de espera dos novos meios promissores, e a natureza humana apenas amargura pela vida o descumprindo de seu papel de aprimoramento em grupo na força da paciência e da esperança.
Sob este impacto de mais desafios do que de satisfação segue o barco da história, a repassar às outras gerações aquilo que caberia aos contemporâneos resolver com habilidade, concluímos a título de um diagnóstico antes das soluções urgentes necessárias.
E agora, transcorridos milênios de experiências, o que vemos são essas cidades lotadas de interrogações quanto a um futuro melhor, onde os dramas de que as pessoas fugiram ao deixar a selva apresentam face talvez tão pavorosa quanto no início da grande aventura social.
Às portas das residências urbanas batem hoje demandas de tão difíceis respostas que agoniam o espírito moderno como garras afiadas a pescoços descobertos. Em velocidade estúpida, o crescimento desordenado das populações já invade áreas de risco inadequadas e inóspitas; a construção de moradias anda a passos lentos em relação ao número de habitantes; as distâncias impõem milhões de transportes que abarrotam vias de circulação e tornam lentos os percursos entre a casa e o trabalho; a sobrevivência reduz conceitos morais em níveis jamais suportados de perversão, ocasionando guerra de classes e desconfiança mútua entre as pessoas, num somatório desordenado de vícios e violência, na coletivização da insegurança e da promiscuidade, tudo levando de roldão o sonho dourado da paz às raias de pesadelos e desencantos avassaladores.
Diante disso, os caminhos da política, velha reserva das respostas negociadas na praça pública, tornam-se tortuosos e ineficazes para oferecer frutos doces de honestidade a que se propunham nos primórdios.
As cidades, em consequência disso, acordam, dia após dia, na longa fila de espera dos novos meios promissores, e a natureza humana apenas amargura pela vida o descumprindo de seu papel de aprimoramento em grupo na força da paciência e da esperança.
Sob este impacto de mais desafios do que de satisfação segue o barco da história, a repassar às outras gerações aquilo que caberia aos contemporâneos resolver com habilidade, concluímos a título de um diagnóstico antes das soluções urgentes necessárias.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
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